terça-feira, 21 de outubro de 2008

Cada um na sua, circo para todos.


Eu, você, todos nós, somos artistas de um circo chamado Existência. Somos palhaços, domadores, equilibristas, malabaristas, trapezistas, apresentadores, mágicos, anões, animais - adestrados, famintos, estressados, acuados. Enquanto Deus, na platéia, come pipoca e interage com o espetáculo, o Diabo, na bilheteria, fecha o caixa.

Apanhadão Literário.




Dizem que ler é bom. Que enriquece o vocabulário, abre a mente, nos torna mais analíticos e faz de nós seres mais cultos. Mas acho que em todas as livrarias deveria haver uma placa dizendo: "Leia, mas não perca a sua personalidade, tampouco, sua essência".
Eu conheço e lido com muita gente e posso afirmar aqui sem pestanejar que, como é chato lidar com pessoas que eu nomeio de "Apanhadão Literário". O papo não flui legal. É uma citação literária atrás da outra. Você nota logo de início que o cara não tem idéias próprias. Ele defende teorias, contos, histórias e estórias alheias de forma visceral - não sei o que é mais chato: um cara contando um filme inteiro ou tentando resumir um livro.
Há quem se entupa de informações inúteis e parta para a guerra - o diálogo - e dispara a sua metralhadora de tolices no alvo fácil: o desinformado.
Há também quem, não tendo personalidade alguma, adapta-se à lição de moral que o último livro acabara de dar, esses são os piores.
Somos o que vivemos, não o que lemos. A leitura (quando bem empregada em nossas vidas), apenas complementa.
"Ler é uma verdadeira viagem." O triste dessa viagem é quando o viajante se esquece de desembarcar em si mesmo.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

JUSTIÇA A INVEJA



Inveja, às vezes eu me impressiono com o poder que essa palavra tem. Não o poder de causar estragos na vida do seu suposto alvo (a menos que o sentimento de inveja seja seguido de uma ação, senão, acaba sendo inofensivo). Mas o que me impressiona é o fato de usarem essa palavra como desculpa para tudo. É assustador o número de pessoas feias (por dentro também), ignorantes, pobres (de espírito também), mentirosas (para consigo também) citarem a inveja como subterfúgio para tentar aliviar os seus fracassos. Nesse caso, a inveja é inocente. A inveja, coitadinha, jamais se aproximou de tais pessoas. É, a inveja se ocupa em visar os bem sucedidos, os belos (por dentro também), os ricos (de espírito também) e os verdadeiros (para consigo também), enquanto alguns infelizes citam demasiadamente o seu nome em vão. Isso chega a ser uma afronta para a inveja e aos invejosos. Sim, uma total falta de respeito para quem é dotado de tão irrequieto desejo. Onde já se viu invejar alguém com múltiplos talentos para o fracasso?

Inveja, inveja e mais inveja, é tudo culpa dela. É ela, a inveja que nos subverte. Dentro desse contexto todo, é ver-se como alvo da inveja, quando na verdade você é o grande invejoso!


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Miséria funcional.


Agora a moda é colocar fotos de miseráveis no Orkut. Imagens de pessoas literalmente morrendo de fome e cia da desgraça. Do que adianta expor imagens medonhas e não fazer nada para mudar essa realidade? Tentam passar a imagem de conscientes preocupados com o bem estar da humanidade, quando na verdade estão tentando ganhar "pontinhos" no céu numa negociação indireta com Deus. "Tá vendo, Deus, eu me preocupando com o meu semelhante? Não se esqueça, viu?".
De nada adianta você ter consciência de que algo está errado, se não faz nada que seja eficaz de fato para sanar ou ao menos amenizar o problema.
Noto em algumas pessoas que se fartam de conhecimento, exalam bons modos e que fazem de tudo para serem rotuladas de cultas (sim, algumas pessoas ainda gostam e dão importância a rótulos) uma inércia total, ou parcial. A total, essa não carece de explicação, mas a parcial é a que mais me irrita. É aí que está o grupinho dos que estão dispostos a negociar com Deus. São pessoas que se dizem conscientes de tudo o que acontece, mas são ágeis apenas quando se dispõem a tentar ajudar alguém do seu meio, neste caso, todo esforço é válido. Claro, os benfeitores necessitam do reconhecimento e até mesmo dos aplausos daqueles que estão no mesmo nível intelectual e cultural que eles, o "orgasmo" é múltiplo. E quanto a "negociação" com Deus? Oras, a resposta é simples: Uma cesta básica ou qualquer tipo de doação a um miserável serve?
Algumas pessoas batem no peito "pregando" o amor, quando na verdade o destina apenas a quem lhe convém (não dizem que o amor é incondicional?), mantendo-se distantes de quem explicitamente carece não só de cestas básicas e outros tipos de doações, mas também de amor e de terem suas dignidades resgatadas. Como fazer isso? Oras, tratando o outro com igualdade. Olhando-o diretamente nos olhos, e não percorrendo todo o seu corpo dos pés a cabeça reparando e reprovando as suas vestias. Quando eu digo tratar com igualdade, não se trata de ser educado e gentil, isso apenas não basta, mas sim, de se colocar no lugar do outro e, ao se ver no lugar dele, nada de auto-piedade, mas já que você se vê num patamar muito mais elevado que o dele, aponte e execute soluções, mas não para ganhar "pontinhos" com Deus ou para receber qualquer outro tipo de reconhecimento e muito menos fazer da miséria do outro uma terapia ocupacional.
Muito discurso e pouca boa vontade nos tornam hipócritas.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

SEM ELOGIO, NÃO DÁ




Estamos vivendo na era da "Sídrome do Elogio". É incrível a capacidade que o ser-humano tem pra se iludir. Acredito que todo elogio ofertado, deve ser filtrado antes de aceito. É preciso saber o porque do elogio. Se as palavras proferidas pelo outro condizem com a sua realidade física, moral, espiritual, ou com seus atos diante das mais diversas situações.
Vejo pessoas ficarem totalmente envaidecidas por qualquer elogio recebido e, sem se darem conta, acabam ingerindo naquele momento uma dose de arrogância, que dose após dose, corrompe-se de vez a humildade. Não preciso é ser humilde a ponto de tornar-se um saco-de-pancada (excesso de humildade também pode ser prejudicial a sua saúde moral), mas é preciso ter suficiente para sustentar uma das bases nosso caráter.
Há quem tem a auto-estima "movida" a elogios, outro tipo de "combustível" não serve. São pessoas que não amam a si mesmas, amam o que os outros dizem a respeito delas. É isso que importa. Acabam se transformando em dependentes de louvor. Quando não são reconhecidas por seus méritos, usam de uma estratégia bem peculiar: distribuem elogios para os que estão ao seu redor e esperam que o elogiado lhe pague na mesma moeda.O Elogiado, acreditando ser um gesto de educação ressaltar as "qualidades" do outro, assim o faz. O portador da "Síndrome do Elogio", encontra ali naquele elogio alívio para a sua fissura.
Existem também pessoas que mudam a partir de elogios (ou de vários). Não são, não tem ou não fizeram o que foi notado aos olhos do outro, mas tomam gosto pela coisa e para não decepcionar e perder o "título", vão em busca de saber o que foi mesmo que o outro reconheceu nele e vestir com "mérito" o elogio que se ajustará ao tamanho da sua vaidade.
As criticas nunca foram bem-vindas pela maioria, mesmo as famigeradas criticas construtivas. Elogios gratuitos é o que aproxima as pessoas. Quer se dar bem e ser destacado no seu meio social, profissional? Elogie. Ao invés de ajudar, elogie. Ao invés de contribuir para o aperfeiçoamento do outro, elogie (mesmo ele estando totalmente errado). Quer mais dinheiro emprestado? Elogie os seus credores. Quer que a sua mulher "libere" partes do corpo até então negadas? Elogie-a!
Elogie! Elogie sempre! Elogie a todos! Mas nunca deixe de elogiar...

sábado, 1 de dezembro de 2007

SERÁ QUE VALE MESMO A PENA?


Por mais que você se sinta realizado, há sempre algo para ser conquistado. Jamais se dará por satisfeito por ter alcançado algo que tanto almejou. Passado algum tempo, você enjoará da tal conquista e provavelmente a colocará de lado, indo em busca de um novo objetivo. A satisfação humana é efêmera a partir do instante que a rotina entra em ação. O prazer maior consiste no sonho e no ato da conquista. Acho que tudo se perde nessa palavra: rotina. A rotina é degradante, te consome a carne, a essência e o espírito. Não há escapatória, por mais que você fuja, a rotina sempre o alcançará. Por mais que você inove, a rotina estará la na frente lhe acenando. A rotina anda de mãos dadas com tempo, tornando-se assim imbatíveis. Eles transformarão tudo o que há de mais novo em velho. E você? Bom, você estará ocupado (inconscientemente numa nova rotina) em busca de novas conquistas.

NATAL


Todo ano é a mesma coisa... É chegada a época em que a desigualdade e votos de inverdades se espalham por todos os lados. Nunca vi o Natal com bons olhos. Nunca gostei dessa data paradoxal onde o consumismo e a falsa compaixão dão as mãos e saem mundo afora contaminando as pessoas. Dizem que o Brasil é um país culturalmente farto, mas não é isso que vejo quando chega o Natal. Somos engolidos por um furacão de costumes e crenças que não nos pertencem. Peru? Chester? Pinheiro? Neve? Um bando de veadinhos puxando um trenó com a figura mais bestial de todos os tempos, Papai Noel (um gordo tonto que se veste de vermelho, e entra pela chaminé com um saco de presente. E o por falar em chaminé, na sua casa tem chaminé? Na minha não). São hábitos que não condizem com a nossa cultura. Estamos na chegada do verão quando é Natal. Apesar de que, acho que o Saci-Pererê com aquele gorro vermelho é meio Papai Noel e, sendo ele uma figura do folclore brasileiro, porque não lançarmos o Saci para candidato a Papai Noel? Todos hão de convir que Saci é bem mais a cara do Brasil.
Agora vamos falar da desigualdade. As crianças independentes de sua condição financeira, hipnotizadas pelo apelo esmagador da mídia e da sociedade, sonham com os seus respectivos presentes. Creio que a maioria se frustra ao desembrulhar os pacotes, pois geralmente não recebem aquilo que tanto esperavam, a não ser as crianças mais abastadas, estas sim, às vezes recebem até mais do que merecem, mas como estamos num país miserável, estou aqui para falar dos excluídos ou “semi-excluídos”. Crianças pobres geralmente ganham de presente ou de doação (época das doações, famílias inteiras fazem até “ceia” com doações) brinquedos que não vão de encontro com aquilo que tanto almejaram. Mesmo sendo pobres, elas querem videogame, bicicleta, computador, carrinhos e bonecas que parecem ter vontade própria e não aquela avalanche de bolas plásticas que estouram ao menor sinal de descuido. Bonecas que parecem ter vontade própria sim, mas só se for de se “matarem”, pois essas se desmontam ao serem manuseadas e as peças não se encaixam mais. Os carrinhos que mais parecem uma bolha de plástico com 4 rodas e que não estimula a imaginação de ninguém. Não se sabe o que é pior: Deixar a criança acreditando que ela tem tanto “direito” quanto as demais crianças financeiramente privilegiadas ou explicar a elas desde cedo, a sua triste realidade de vítima do sistema e correr o risco de que ela parta para o mundo da criminalidade se transformando num delinqüente juvenil.
Isso sem contar com o tal de “Feliz Natal”, “Próspero ano novo, saúde, paz... blá-blá-blá”. Nunca vi tanta mentira e hipocrisia sendo cometidas em tão curto espaço de tempo. Você já reparou que a maioria das pessoas (uns 90%) faz isso por obrigação? Nem um sorriso esboçam no rosto e quando esboçam o tal sorriso é amarelo, sem graça? Quando não, nota-se no abraço uma ânsia para que tudo aquilo acabe o quanto antes. Se o cumprimento não é espontâneo, se os votos não são sinceros, então pra que fazê-los? Por educação? Mentir também é falta de educação! Época besta essa, as pessoas se aproximam, “relevam” as diferenças para ano que se inicia, elas possam se estapear mais aliviadas.
E quanto a parte cristã do Natal? Bem, essa fica a cargo da sua consciência.
Que venha o Natal.