quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Miséria funcional.


Agora a moda é colocar fotos de miseráveis no Orkut. Imagens de pessoas literalmente morrendo de fome e cia da desgraça. Do que adianta expor imagens medonhas e não fazer nada para mudar essa realidade? Tentam passar a imagem de conscientes preocupados com o bem estar da humanidade, quando na verdade estão tentando ganhar "pontinhos" no céu numa negociação indireta com Deus. "Tá vendo, Deus, eu me preocupando com o meu semelhante? Não se esqueça, viu?".
De nada adianta você ter consciência de que algo está errado, se não faz nada que seja eficaz de fato para sanar ou ao menos amenizar o problema.
Noto em algumas pessoas que se fartam de conhecimento, exalam bons modos e que fazem de tudo para serem rotuladas de cultas (sim, algumas pessoas ainda gostam e dão importância a rótulos) uma inércia total, ou parcial. A total, essa não carece de explicação, mas a parcial é a que mais me irrita. É aí que está o grupinho dos que estão dispostos a negociar com Deus. São pessoas que se dizem conscientes de tudo o que acontece, mas são ágeis apenas quando se dispõem a tentar ajudar alguém do seu meio, neste caso, todo esforço é válido. Claro, os benfeitores necessitam do reconhecimento e até mesmo dos aplausos daqueles que estão no mesmo nível intelectual e cultural que eles, o "orgasmo" é múltiplo. E quanto a "negociação" com Deus? Oras, a resposta é simples: Uma cesta básica ou qualquer tipo de doação a um miserável serve?
Algumas pessoas batem no peito "pregando" o amor, quando na verdade o destina apenas a quem lhe convém (não dizem que o amor é incondicional?), mantendo-se distantes de quem explicitamente carece não só de cestas básicas e outros tipos de doações, mas também de amor e de terem suas dignidades resgatadas. Como fazer isso? Oras, tratando o outro com igualdade. Olhando-o diretamente nos olhos, e não percorrendo todo o seu corpo dos pés a cabeça reparando e reprovando as suas vestias. Quando eu digo tratar com igualdade, não se trata de ser educado e gentil, isso apenas não basta, mas sim, de se colocar no lugar do outro e, ao se ver no lugar dele, nada de auto-piedade, mas já que você se vê num patamar muito mais elevado que o dele, aponte e execute soluções, mas não para ganhar "pontinhos" com Deus ou para receber qualquer outro tipo de reconhecimento e muito menos fazer da miséria do outro uma terapia ocupacional.
Muito discurso e pouca boa vontade nos tornam hipócritas.

2 comentários:

Fortaleza da alma disse...

Bem,eu não poderia deixar de comentar um texto que tão bem expressa algo que também sinto...não que eu seja ativa ou tenha ações dignas de atenção ou que sejam realmente incondicionais...mas eu visto esta roupa apertada da consciência que me faz notar os vaidosos,que me faz notar até mesmo os que não têm onde cair mortos e que reparam e humilham o outro...você sabe,no meu meio profissional isso acontece repetidamente. Embora seu blog tenha o nome de "E eu com isso",eu penso que você está muito mais engajado nos despertares de conciência e está muito mais aí com "tudo isso" pelo mundo do que outras pessoas.Ainda bem que cuida das nossas vidas,abre os olhos...Te admiro,meu amigo,você é único! Parabéns pelo ótimo texto!

Leandro disse...

=)

Gostei da postagemmm lii rapidãoo depois leio com calma e deixo um comentarioo Dignoo