sábado, 1 de dezembro de 2007

NATAL


Todo ano é a mesma coisa... É chegada a época em que a desigualdade e votos de inverdades se espalham por todos os lados. Nunca vi o Natal com bons olhos. Nunca gostei dessa data paradoxal onde o consumismo e a falsa compaixão dão as mãos e saem mundo afora contaminando as pessoas. Dizem que o Brasil é um país culturalmente farto, mas não é isso que vejo quando chega o Natal. Somos engolidos por um furacão de costumes e crenças que não nos pertencem. Peru? Chester? Pinheiro? Neve? Um bando de veadinhos puxando um trenó com a figura mais bestial de todos os tempos, Papai Noel (um gordo tonto que se veste de vermelho, e entra pela chaminé com um saco de presente. E o por falar em chaminé, na sua casa tem chaminé? Na minha não). São hábitos que não condizem com a nossa cultura. Estamos na chegada do verão quando é Natal. Apesar de que, acho que o Saci-Pererê com aquele gorro vermelho é meio Papai Noel e, sendo ele uma figura do folclore brasileiro, porque não lançarmos o Saci para candidato a Papai Noel? Todos hão de convir que Saci é bem mais a cara do Brasil.
Agora vamos falar da desigualdade. As crianças independentes de sua condição financeira, hipnotizadas pelo apelo esmagador da mídia e da sociedade, sonham com os seus respectivos presentes. Creio que a maioria se frustra ao desembrulhar os pacotes, pois geralmente não recebem aquilo que tanto esperavam, a não ser as crianças mais abastadas, estas sim, às vezes recebem até mais do que merecem, mas como estamos num país miserável, estou aqui para falar dos excluídos ou “semi-excluídos”. Crianças pobres geralmente ganham de presente ou de doação (época das doações, famílias inteiras fazem até “ceia” com doações) brinquedos que não vão de encontro com aquilo que tanto almejaram. Mesmo sendo pobres, elas querem videogame, bicicleta, computador, carrinhos e bonecas que parecem ter vontade própria e não aquela avalanche de bolas plásticas que estouram ao menor sinal de descuido. Bonecas que parecem ter vontade própria sim, mas só se for de se “matarem”, pois essas se desmontam ao serem manuseadas e as peças não se encaixam mais. Os carrinhos que mais parecem uma bolha de plástico com 4 rodas e que não estimula a imaginação de ninguém. Não se sabe o que é pior: Deixar a criança acreditando que ela tem tanto “direito” quanto as demais crianças financeiramente privilegiadas ou explicar a elas desde cedo, a sua triste realidade de vítima do sistema e correr o risco de que ela parta para o mundo da criminalidade se transformando num delinqüente juvenil.
Isso sem contar com o tal de “Feliz Natal”, “Próspero ano novo, saúde, paz... blá-blá-blá”. Nunca vi tanta mentira e hipocrisia sendo cometidas em tão curto espaço de tempo. Você já reparou que a maioria das pessoas (uns 90%) faz isso por obrigação? Nem um sorriso esboçam no rosto e quando esboçam o tal sorriso é amarelo, sem graça? Quando não, nota-se no abraço uma ânsia para que tudo aquilo acabe o quanto antes. Se o cumprimento não é espontâneo, se os votos não são sinceros, então pra que fazê-los? Por educação? Mentir também é falta de educação! Época besta essa, as pessoas se aproximam, “relevam” as diferenças para ano que se inicia, elas possam se estapear mais aliviadas.
E quanto a parte cristã do Natal? Bem, essa fica a cargo da sua consciência.
Que venha o Natal.

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